Com espanto, mas sem surpresa, a sociedade tem vivenciado nas últimas semanas ataques infundados provenientes de “Fake-News” direcionados ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e a oferta ao curso de Medicina pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).
Inicialmente, é necessário esclarecer que o Edital nº 31/2025 prevê a criação de uma turma extra destinada a assentados da reforma agrária e comunidades quilombolas reconhecidas pelo INCRA. Portanto, não se trata de uma iniciativa voltada especificamente a membros do MST. A proposta possui caráter universal, não se restringindo a um único público, conforme tem sido veiculado, e obedece a critérios seletivos definidos. A proposta não interfere no ingresso via SISU, nem retira oportunidades de outros candidatos.
O PRONERA é um programa público, criado em 1998, que oferta educação pública e possibilita a formação acadêmica de camponeses e pessoas que compõem a agricultura familiar pátria. Através desse programa, as pessoas que vivem em espaços rurais já estão se formando em inúmeros cursos e possibilitando o acesso universal à educação, sem distinção de classe social.
A resistência da parcela reacionária da sociedade que não quer que esse público se forme no curso de Medicina está diretamente ligada à prática de reserva de mercado, já que historicamente existem cursos universitários que devem estar reservados para parcela da sociedade privilegiada. É o velho sistema de castas se expandindo nos setores da educação e tentando criar muros de acesso. Quantos cursinhos lucram com as turmas de Pré-Vestibular para medicina? Quanto custa uma mensalidade para o curso de medicina numa faculdade particular?
A possibilidade de formar médicos provenientes das famílias que vivem em agricultura familiar através do edital da UFPE é fantástica, atende plenamente ao acesso universal à educação e à saúde pública. O SINASEFE IFSERTÃOPE torce para que essa possibilidade logre êxito, e que o país passe a ter mais médicos para as populações carentes e que muitas vezes não conseguem sequer ter uma consulta com esses profissionais.