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Nota de solidariedade ao Professor Judson Medeiros Alves, vítima de racismo no São João de Petrolina

Nota de solidariedade ao Professor Judson Medeiros Alves, vítima de racismo no São João de Petrolina

Publicado em 25/06/2019 às 12:51

Toda nossa solidariedade ao professor Judson Medeiros Alves, que foi covardemente agredido por seguranças da empresa privada GMSP no São João de Petrolina-PE.

Na noite do último dia 15/06, aproximadamente às 3h da manhã, por ocasião das comemorações do “São João de Petrolina”, no Pátio de eventos Ana das Carrancas, o professor Judson Medeiros Alves, servidor do IF Sertão-PE no Campus Ouricuri-PE, foi abordado de forma truculenta, antiprofissional e desproporcional por seguranças da empresa GMSP, contratada pela organização do evento para fazer a segurança do local.

 Judson foi imobilizado com um “mata-leão” e, injustamente, agredido sob a acusação de ter causado “arruaça”. A ação truculenta aconteceu quando o professor se dirigia ao estacionamento do evento e resultou em um braço deslocado, hematomas pelo corpo e as sequelas psicológicas que acompanham tal situação. 

A mera suposição de que seria “arruaceiro”, sem nenhum fundamento ou comprovação, e através de tratamento arbitrário e antiprofissional, jamais justificariam tal episódio de violência, exceto dentro da lógica do racismo estrutural que impacta, diretamente, nas condições de vida e na dignidade das pessoas negras e a qual temos que combater perseverantemente como educadores/as, cidadãos/ãs e seres humanos.

O racismo, no Brasil, é estrutural e desdobra-se, diariamente, em crimes covardes e cruéis, além dos mais variados tipos de violência, como expressão da “suspeição” que estigmatiza a população negra e periférica, a partir de estereótipos baseados na cor da pele e classe social. Podemos citar casos emblemáticos dessa realidade: a prisão arbitrária de Rafael Braga, nos protestos de 2013; o caso do ajudante de pedreiro Amarildo de Souza, também em 2013, torturado e morto, na Base da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) da Rocinha; a execução de Rodrigo Alexandre da Silva Serrano, em 2018, quando esperava mulher e filhos, numa parada de ônibus, na favela de Chapéu Mangueira, na Zona Sul do Rio de Janeiro, portando um guarda-chuva preto e um canguru, objetos “confundidos”, por policiais da UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) com arma e colete, respectivamente; o assassinato de Evaldo dos Santos Rosa, também no Rio de Janeiro, no dia 07/04 deste ano, cujo veículo foi atingido por mais de oitenta tiros de fuzil (dos 257 que foram disparados, na conclusão da perícia) colocando em risco, também, a vida de seus familiares que o acompanhavam na ocasião. A operação truculenta também vitimou o catador de material reciclável, Luciano Macedo, e feriu o sogro de Evaldo, Sérgio de Araújo.

Segundo estatísticas oficiais, a cada 23 minutos, uma pessoa negra é assassinada no nosso país. A incidência de homicídios, relacionada à população negra, é em média, 23,5% maior do que entre pessoas brancas. Segundo o Atlas da Violência de 2018, 71,5 % dos brasileiros/as assassinados/as, por ano, são pretos/as ou pardos/as. Esses dados revelam a dimensão do extermínio da população negra e periférica que, por ação ou omissão do Estado, está na linha de frente da violência.

Nesse sentido, o Estado atua como operador dessa ordem, amparada no racismo estrutural, através de aparelhos violentamente repressivos (Polícia Militar e Civil, além das Forças Armadas), contando a colaboração da Justiça, através do encarceramento em massa, imposto às populações socialmente desfavorecidas (negra e periférica). Assim, observamos que o genocídio da população negra e periférica, está posto a olhos nus, com táticas cada vez mais brutais de execução sumária.

Repudiando esse contexto de violência, de naturalização do preconceito e da discriminação racial, nós, da Diretoria Executiva do SINASEFE IF Sertão-PE, viemos a público prestar nossa solidariedade e apoio ao professor Judson Medeiros Alves, nosso colega de trabalho. Esperamos que o caso seja apurado e que os envolvidos na ação sejam investigados e punidos. Racismo é crime!

Nos solidarizamos com o Professor Judson Medeiros, bem como todos e todas que tenha sofrido algum tipo de constrangimento e discriminação durante o evento, e reafirmarmos o compromisso com a promoção da igualdade, nos mais diferentes âmbitos.


RACISTAS NÃO PASSARÃO!

VIDAS NEGRAS IMPORTAM!


Petrolina-PE, 21 de Junho de 2019


Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica, Profissional e Tecnológica - Seção Sindical IF Sertão-PE



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